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«Um "fascinum" era, em latim, um objecto de adoração que se colocava à entrada do lar ou se usava como amuleto pendurado ao pescoço. Pensava-se mesmo que podia defender os indivíduos contra o mau-olhado e assim, com o tempo, qualquer artigo possuidor de propriedades extraordinárias seria chamado, tal como um pénis erecto, um objecto fascinante.»
in "O sexo na História"; Fascículo 1 - o sexo no mundo primitivo; Europa Press; Santiago. Chile.Hoje é o dia do meu aniversário, fascinado vejo o tempo passar por mim e hoje pai, tio, primo em vários graus, tio-avô mas também, felizmente, filho e sobrinho, recordo tempos não tão longínquos quanto isso, em minha opinião, em que não adquirira algumas destas capacidades e me limitava a ser um moçoilo bem disposto, jovem (in)consciente...
Fascinado dizia, revejo os anos passados e começo a entender os que, mais adiantados que eu na estrada da Vida, como os meus pais, dão grande importância às memórias de tempos idos e gestas de antanho que, de tantas vezes contadas, passaram a fazer parte da memória familiar comum, o que nem sempre é agradável... e.g., as gracinhas pueris... (I rest my case...)
Fascinado vejo-me hoje sucumbir perante a tentação de, a exemplo dos mais velhos, lhes seguir as pisadas no que toca às memórias, as minhas memórias, e dou por mim atazanando os meus filhos com a enésima recapitulação de tal evento perdido nas brumas da memória...e sinto-os tão embarassados como me sentia quando apenas filho, primo, sobrinho, neto... ouvia memórias outras que não as minhas...
Fascinado antevejo um futuro que não quero desmemoriado mas, que também não pretendo escravo de memórias. Um futuro em que cada minuto passado tenha sido um minuto intensamente vivido, saboreado como se fosse o primeiro pois desbravar o Tempo é abrir caminho sobre o arco-íris rumo ao pote de mel. Luta perdida à partida pois cada minuto vivido nos aproxima da Morte. É este contra-senso que traz emoção ao facto de estarmos vivos, o sabermos que convém tirar o melhor partido possível de cada momento; o sabermos que a caminhada não é interminável e que o termo chegará mais tarde ou mais cedo, sempre inesperado; o sabermos que não estamos sós nesse desígnio igualitário...
Hoje, aos 44 anos, olho para trás e vejo que não fiz tudo o que quereria ter feito, desperdiçei oportunidades, é facto, poderia ter sido mais assertivo aqui e ali, mais tolerante acolá, em suma sou um ser humano com defeitos (poucochinhos...) mas, fascinado vejo que, se pudesse voltar atrás, na maioria dos casos voltaria a fazer o mesmo porque na altura em que o fiz essa me parecia ser a melhor solução e gosto daquilo que sou (deve ser por isso que me apodam de teimoso).