domingo, junho 26, 2005

Rescaldo eleitoral I

RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 19 DE JUNHO:

Total de eleitores inscritos: 538.471.

- Total de votantes: 471.843 (87,63 cento).

- Votos brancos: 13.239 (2,46 por cento).

- Votos nulos: 10.516 (1,95 por cento).


CANDIDATOS

Malam Bacai Sanhá (apoiado pelo PAIGC) - 158.276 (35,45%).

João Bernardo Vieira (independente) - 128.918 (28,87%).

Kumba Ialá (apoiado pelo PRS) - 111.606 (25,00%).

Francisco Fadul (PUSD, de que é líder) - 12.733 (2,85%).

Aregado Mantenque Té (PT, de que é líder) - 9.000 (2,02%).

Iaia Djaló (independente) - 7.112 (1,57%).

Mário Lopes da Rosa (independente) - 4.863 (1,09%).

Idrissa Djaló (PUN, de que é líder) - 3.604 (0,81%).

Adelino Mano Queta (independente) - 2.816 (0,63%).

Faustino Imbali (PMP, de que é líder) - 2.330 (0,52%).

Paulino Empossa Ié (independente) - 2.015 (0,50%).

Antonieta Rosa Gomes (FCG/SD, líder) - 1.642 (0,37%).

João Tátis Sá (PPG, de que é líder) - 1.378 (0,31%).

Siglas:

PAIGC - Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde.

PRS - Partido da Renovação Social.

PUSD - Partido Unido Social-Democrata.

PT - Partido do Trabalho.

PUN - Partido da Unidade Nacional.

PMP - Partido Manifesto do Povo FCG/SD - Fórum Cívico Guineense/Social-Democracia

PPG - Partido Popular Guineense (PPG)

FONTE: www.noticiaslusofonas.com (25/06/2005)

NOTA: Eestranhamente, ou talvez não, o somatório dos votos expressos na nota de imprensa da CNE não corresponde aos valores oficiais ficando-se pelos 470 048 votos expressos em vez dos 471 843 referidos ad initio como total de votantes apurado.

Com uma participação de 471 843 eleitores, cerca de 87,63 % (87,62645%) do universo eleitoral de 538 471 eleitores, pode dizer-se que este processo foi participado massivamente. Já o resultado eleitoral dá azo a leituras várias...
Malam Bacai Sanhá com 158 276 votos (29,39% (29,39359%) do universo total; e 33,54% (33,54421%) dos votos expressos); João Bernardo Vieira com 128 918 votos (23,94% (23,94149%) do universo total; e 27,32% (27,32222%) dos votos expressos); e Kumba Ialá com 111 606 votos (20,73% (20,72646%) do universo total; e 23,65% (23,65321%) dos votos expressos), repartiram entre si o grosso das preferências dos seus concidadãos com capacidade eleitoral. Ainda assim 66 628 eleitores, cerca de 12,37355%, optaram por não votar.
Isto abre perspectivas interessantes para a 2.ª volta entre Malam Bacai Sanhá e João Bernardo Vieira. Ambos terão de ir buscar votos a um campo adverso, onde o PAIGC de onde provêm, é persona non grata.
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Malam Bacai Sanhá precisa obter cerca de 21% mais de votos e manter os 29,39% que já obteve a fim de garantir a presidência sendo que tem, entre os abstencionistas, alguma margem de manobra e é sempre preferível partir-se à frente;
- João Bernardo Vieira tem o mesmo óbice que Sanhá mas acrescido do handicap de ter governado durante 18 anos, da forma que se sabe... e ter perdido em 1998/99 algo da aura de herói-estratega militar com que foi visto durante bastante tempo. Além de necessitar de concitar cerca de 26% mais de votos e manter os 24% obtidos dia 19 de Junho.
Em todo o caso, o que torna interessante o processo é que, a última palavra está nas mãos do povo e este manifestar-se-à em meados de Julho. Até lá cabe aos candidatos tentar convencer os seus concidadãos da bondade das suas propostas e sua exequibilidade... talvez agora se tome a res publica a sério e a palavra substitua o ofertório descarado de bens de utilidade dúbia como apelo ao voto.
Não fora temer que, uma vez mais, o acaso assumisse foro de lei substituindo-se ao pensamento elaborado, cônscio e sensato atrever-me-ia a dizer: "allea jacta est".
Uma palavra de apreço em relação à forma como decorreu o processo eleitoral, elogiado por quase todos os interventores.
Uma outra palavra, esta de repulsa, pela forma como se ensombrou um processo que tinha decorrido de forma "exemplar", tendo em conta os anteriores escrutinios eleitorais. Há que saber aceitar a vitória e, do mesmo modo, há que saber suportar a derrota, com fair play e sentido de estado. Recorrendo à Justiça quando alegadamente injustiçados, ainda que se não acredite muito nela, embora o PRS não se possa queixar dos tribunais... nomeadamente do STJ. Lamentar a perda de Vidas, pois não é esta a via para o desenvolvimento de uma sociedade pacífica, unitária, justa, equilibrada e tecnológicamente desenvolvida, onde a trilogia de St. Martin prevaleça e beneficie todos os cidadãos.