Foi com surpresa que recebemos às 9:00 AM a notícia do óbito, pois todos, os amigos, o tinhamos visto no dia anterior e parecia estar bem, como de costume.
Não é espectável que aos 41 anos recém-feitos, em Setembro, sem patologia óbvia ou conhecida e com uma vida activa e preenchida, num país em que a esperança de vida média, para os homens, ronda os 78 anos, se morra.
Além dos quatro filhos, duas meninas e dois rapazes, o "amigo Zé" deixa na memória de cada um dos que tiveram a felicidade de privar com ele o registo de um bem-estar feito de estar bem, a sua bonomia, a paz e tranquilidade com que, em geral, abordava a vida, o amor pelos filhos e orgulho nos objectivos que cada um, à medida do seu escalão etário e idiossincrasia, ia alcançando, o companheirismo e amizade, o profissionalismo com que encarava a sua profissão, fazem com que a sua falta seja sentida com saudade e alguma revolta por esta "injustiça" da vida.
Assim, a Rua da Paz ganhou um novo inquilino para o talhão 157/10 do Cemitério de Lousa, todos nós ficamos a perder e foi estranho ver um funeral em que até os agentes funerários choraram durante o serviço fúnebre, afinal estavam a prestar uma última homenagem a um amigo. Num cortejo fúnebre à antiga, com o carro funerário adiante e cerca de uma centena de familiares e amigos percorrendo os 500m do percurso entre a igreja e o cemitério, a pé, a passo, em silêncio e com os transeuntes a descobrir as cabeças ao cruzar-se com o cortejo. Recebido à entrada com uma quadra que não se enquadrava com o que foi o féretro enquanto Homem, a saber: "Aqui se findam as vaidades/ com que o Mundo nos seduz,/ aqui há paz e abrigo/ à sombra da Eterna Luz".
José Carvalho que a terra te seja leve, meu amigo. Consigo ver o teu sorriso gozão, bem disposto, sempre com uma palavra para sublinhar as vitórias do teu FCP; o brilhosinho nos olhos ao falar dos filhos, elas e eles; as preocupações com a Pastelaria; os jogos de futebol e as petiscadas que se seguiam... são memórias indeléveis e inapagáveis "amigo Zé"