É com muita tristeza, com a "alma pesada" como diria alguém, que faço esta postagem. Ao ler as mensagens da comunidade bissau-guineense no Áfricamente deparo com uma "Denúncia" da autoria do meu amigo Fernando Casimiro (Didinho), como ele é um conhecido "activista" das coisas e causas guineenses, senti curiosidade em ver o que seria desta vez... e, à medida que ia lendo o texto a revolta e a tristeza foram-se acumulando. A denúncia revelava mais umas tropelias do CEMGFA guineense mas, desta vez, relativamente a um amigo-irmão-companheiro que, abdicando de uma vida relativamente confortavel em Vila Real, onde é muito conhecido e querido de toda a gente, resolveu dar o seu contributo para o desenvolvimento do país, in loco. Engenheiro-florestal pela UTAD, Mestre pela Universidade do Algarve, Constantino Correia "Miguel", é um quadro que tem um profundo conhecimento da Floresta Guineense pois trabalhou nela desde 1980, mas não é a sua competência profissional que está em causa é sim a sua formação humana e moral que são afrontadas, e a sua integridade física e dignidade em risco que levam a que todos nós tenhamos que pensar muito bem o tipo de sociedade que queremos para a Guiné-Bissau e quais os valores e mores a preservar. Além de com quem é que se vai construir essa tal sociedade nacional cívica e urbana, onde a diferença seja respeitada, mas onde todo e cada cidadão entenda que a sua liberdade acaba onde começa a liberdade do outro..
Não podem os políticos pretender que quadros diferenciados regressem ao país para depois os confrontar com situações como a que Didinho relata e denuncia; não pode a Guiné-Bissau tornar-se uma Esparta dos tempos modernos, onde jovens são treinados para roubar... muito menos transformar a instituição castrense num ninho de rufias que ad libitum possa apoderar-se dos bens nacionais e deles fazer coisa sua só por deterem as armas que o povo lhes confiou. É grave que, uma vez mais, sob a égide da Chefia do Estado-Maior das Forças Armadas, se dê cobertura a actos ilícitos e penalizadores do desenvolvimento e segurança ambientais do país e da região, pois se o Sahel avançar na Guiné-Bissau, seguirá para a Guiné-Konacry, Mali, etc. A ganância, a ignorância, as carências, o descontrolo e desregulamento da Res Publica Bissau-guineense, não podem justificar todos os desmandos...nem todos os mandos...
Voltando ao Miguel pena-me sabê-lo nesta situação porque sei que a não merece e sei sobretudo que é um Homem SÉRIO que com seriedade tenta remar contra a maré e recusa o fácil, que seria olhar para o lado... ou "em terra onde fores ter, faz o que vires fazer"... seria mais rico, materialmente por certo mas, não seria mais o Miguel da rua Angola, ou o Constantino de Vila Real, da UTAD, o nosso BF...
Ao ler o texto do Didinho recordei uma frase de Camilo, ou seria Eça? Bom, para o caso é irrelevante, o que interessa é a ideia nela contida: "Se uma catástrofe natural matar milhares na China não passará de uma nota de rodapé nos jornais; se em Espanha, num acidente, morrer um cidadão é uma desgraça; mas, se o vizinho de baixo partir um dedo é uma calamidade." Sei que desde a guerra muitos terão coisas mais graves a relatar que ser injuriado e afastado de funções por políticos sem coluna vertebral e com sangue de barata (hemolinfa para ser exacto), por razões mais fortes se alevantarem... mesmo sabendo-se estar do lado da razão! Caro amigo, diz a vox populi: "Burro velho não aprende línguas..."... até porque nem convém...!