Após mais uma temporada de silêncio auto-imposto, eis que de novo tenho algo a dizer. Para não variar o tema volta a ser a situação político-socio-económica da Guiné-Bissau.
Como há três anos atrás qualquer invisual poderia ver, a situação política não se caracterizaria pela estabilidade tantas e de tal modo graves eram as dissenções entre os diferentes orgãos de soberania saídos das eleições legislativas e presidenciais, bem como os tribunais e até as Forças Armadas (interventores directos no(s) processo(s) político-económico(s)). Este pote foi fervendo em lume forte, por vezes feio... até se lembrarem de lhe adir uma grossa pitada de narcotráfico, temerosos que estivesse insosso. Quase apetece dizer que aos meus conterrâneos não lhes basta estar mal, precisam mesmo chegar ao fundo, "cair cunhôs" (a grafia pode não ser esta...mas foneticamente é assim...). Mas, não querendo fazer a injustiça de não separar o trigo do joio e não confundindo a árvore com a floresta, ressalvo o esforço de muitos que tentam remar contra a maré e vêem o seu esforço boicotado por um sistema obscuro que bloqueia, distorce e ameaça os justos.
O curioso é que nunca ninguém é culpado de nada, mas as coisas continuam a acontecer... droga desaparece dos cofres de estado, as forças armadas impedem o acesso dos investigadores da judiciária a aeroplanos transportadores de droga, os ministros são ameaçados de morte, tentativas de eliminação física do presidente da república e do líder do PAIGC ocorrem em plena luz do dia, os governos sucedem-se a uma velocidade alucinante...é só escolher que o cardápio é longo e variado.
Só não varia a pobreza, a insegurança, a mortalidade infantil e materno-infantil, a esperança média de vida a diminuir, a cólera e o paludismo endémicos, a falta de saneamento básico em Bissau, os cuidados primários de saúde quase inexistentes, a escola pública desestabilizada a cada ano lectivo.
É tempo de quem de direito pôr o ACENTO TÓNICO naquilo que é substantivo. Definir estratégias de desenvolvimento sustentado e sustentável para o país (o tal Millenium Project da ONU...), perceber que governar implica servir, não servir-se... dos recursos da nação em proveito próprio, de forma a proporcionar bem-estar a todos, conseguindo melhores índices de produtividade, higidez e de literacia. Nao há fadas boas, nem varinhas de condão, mas tem de haver boa vontade, competência técnica e sentido de estado para se sair da "cepa-torta".
Já ouviram a história do "Ovo de Colombo"?...
1 comentário:
Não creio que haja ovos de Colombo neste momento, em lado nenhum. A crise é um mal geral do mundo inteiro, ainda que seja mais intensa que nuns sítios que outros e que afecte diferentes níveis. São exemplos como este que me dão algum alento quando penso que Portugal é um país mau. Era bom que pudéssemos todos emergir da fossa e que o mundo fosse um sítio bem mais justo para todos, sem distinções, porque quando vimos cá parar não temos a culpa do mal que os demais fazem.
Beijo
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