sábado, julho 30, 2005

O 7.º Mandamento


Relações...humanas

Versão Bíblica ( Êxodo 20:1 a 20:17)

  1. Amar a Deus sobre todas as coisas.
  2. Não adorar outros deuses.
  3. Não tomar o nome de Deus em vão.
  4. Guardar o dia de sábado
  5. Honrar pai e mãe.
  6. Não matar.
  7. Não adulterar.
  8. Não furtar.
  9. Não levantar falso testemunho.
  10. Não cobiçar as coisas alheias.

Versão do Catecismo

O Catecismo, da Igreja Católica, possui uma versão ligeiramente alterada:

  1. Amar a Deus sobre todas as coisas.
  2. Não tomar o nome de Deus em vão.
  3. Guardar para a religião Domingos e dias de festa.
  4. Honrar pai e mãe.
  5. Não matar.
  6. Não pecar contra a castidade.
  7. Não furtar.
  8. Não levantar falso testemunho.
  9. Não desejar a mulher do próximo.
  10. Não cobiçar as coisas alheias.
Comecei por (re)lembrar os mandamentos a fim de garantir que todos entenderiam o texto em epígrafe.
Antes de mais um pedido de desculpa a uma desconhecida, cujos escritos aprecio, e a quem montei uma "armadilha", através de uma provocação, a ver se a trazia a este espaço. Andrea, como pode ver David P. Barash e Judith Eve Lipton (Barash) estavam correctos tal como vc os identificou, se bem que ambos sejam civilmente Barash, dado serem casados desde 1977 e Judith ter adoptado o nome do marido se bem k não use em termos profissionais, já ele não adoptou o Lipton (rs)... uma vez mais, desculpe o expediente...
Ao verem a imagem acima poderão inquirir-se sobre a sua pertinência. Para quê relacionar Dan Brown e "O Código Da Vinci" com Barash e Lipton e "O mito da monogamia: sinais de fogo", e ambos com o 7.º Mandamento?
Pois bem, é esse o objectivo deste post, falar de mores e tradições nomeadamente os atinentes aos relacionamentos humanos.
Como podem ver o 7.º Mandamento varia consoante adoptamos a versão bíblica ou a catecista, eu refiro-me à bíblica "Não cometerás adultério", ou o mais prosaico "Não desejarás a mulher do próximo".
Quando falamos de relacionamentos humanos temos em vista uma das seguintes opções:
- Livre:
  • Celibato (voluntário ou involuntário); e
  • Separação (casual ou definitiva).
- Comprometido:
  • Casamento (hetero ou homossexual);
  • União de facto/Namoro (hetero ou homossexual); e
  • Separação (casual ou definitiva).
Não pretendendo ser exaustivo no que toca aos diferentes matizes que, numa sociedade tecnológicamente desenvolvida, pode tomar a relação entre géneros, deixo, para já, de fora os estados civis que daí podem resultar.
Alguns autores sustentam a doutrina de que a sociedade humana não existe em consequência de um pacto arbitrário estabelecido por certo número de homens em eras que se perdem na noite dos tempos, mas é uma consequência espontânea, legítima e inelutável da própria ordem natural. Expõem detidamente, e com todo o esmero, os argumentos proporcionados à sua tese pela observação da vida quotidiana: necessidade da especialização e da colaboração para assegurar a subsistência material e o progresso; necessidade de uma autoridade para dirigir essa colaboração etc. É, pois, necessidade natural [e não apenas contratual, que exista] uma sociedade com todas as suas características essenciais. Detendo-me sobre as características intrinsecas à(s) Sociedade(s) do tipo Ocidental, baseada na cultura Helénico-Romana da Antiguidade Clássica, mesclada com a doutrina Cristã Medieval e com mores provenientes dos Mundos Novos quinhentistas verifico que, houve/há uma deslocação do todo para a parte. Na sociedade o interesse individual prevalece sobre o colectivo. É neste ponto que me socorro das observações e estudos do casal Barash & Lipton e, sobretudo, das conclusões a que chegaram, o factor genético impele os animais a disseminar os seus genes na ânsia de se perpetuarem, como Darwin e demais evolucionistas que se seguiram constataram é da mistura de genes (quantos mais e mais diferenciados melhor), que resulta o mais apto. Para tal só há um modo na Natureza: ter o maior número possível de parceiros sexuais...
Mas, o bicho Homem tem cérebro desenvolvido e auto-limitou-se...via Religião, via Legislação e via Tradição. O Velho Testamento admite ainda a poligamia/poliândria, e.g. Abraão et al.; já o Novo Testamento aboliu-os e relevam ascetas e eremitas que pugnam pelo celibato, e.g. João Baptista e Jesus Cristo. Entra aqui Dan Brown e "O código Da Vinci", onde o autor defende a tese de Cristo ter sido casado com Maria Madalena, demonstrativa da diversidade de pontos de vista, e do jeito que daria para alguns o facto do Sumo-Sacerdote do Cristianismo ter sido casado. Desde o papado de Gregório o Grande, a reputação de Maria Madalena anda pelas ruas da amargura... o que poderia favorecer os argumentos a favor da promiscuidade, se até Jesus optara por casar com uma pecadora...
Na Idade-Média temos, entre outros exemplos, a cisma Anglicana na Igreja Católica Apostólica Romana, com Henrique VIII em que os votos de união, "até que a morte os separe" sucumbiram perante os "interesses de estado" configurados na "atracção" de Henrique por Ana Bolena...
Um exemplo mais consuetudinário será o da nossa vivência quotidiana onde não raro buscamos uma "alma gémea" com quem partilhar a existência e, encontrada esta, não nos coíbimos de "espreitar" mais ou menos discretamente outras "almas", "almas gémeas" de outrém, com melhores ou piores intenções... ao arrepio do Mandamento Mosaico. [Para os espirituosos, aqui o uso do "nós" não é plural magestático...]
O Homem moderno é cada vez mais um ser introspectivo, egocentrista e tecnológicamente evoluido a exemplo da Sociedade em que se insere, tecnológica, tecnocrática e antropocêntrica. "O resultado está diante de nós: as neuroses, as psicoses, as perversões sexuais monstruosas, o existencialismo, a cacofonia da grande confusão de nossos dias. O livro de Alexis Carrel ["L’homme, cet inconnu", O homem, esse desconhecido] — ao qual haveria aliás restrições a fazer — já se vai tornando velho, mas pode ser relido com vantagem pelos que desejam informar-se sobre o que está custando ao homem essa subestimação ou negação da alma, no progresso técnico-material de nosso século" alvitra Plínio Corrêa de Oliveira, católico. [É que até os artistas [bem sucedidos] já são muito ricos... excêntricos e ditadores de modas, em geral]
Não é, pois, de espantar que, tantas e tantas vezes, se veja este ou aquele católico/cristão — que estudou honestamente as linhas gerais da filosofia moral e que leu em Santo Tomás (De Regimine Principum, Cap. I) que a sociedade temporal tem por fim remediar a insuficiência não só física mas intelectual do homem de viver só — tomar diante dos problemas políticos, sociais e económicos com que se defronta, uma atitude prática que pouco difere da posição do materialista ou agnóstico.
Por mim, alinho pelo diapasão dos Barash sem fazer disso desculpa para a promiscuidade. Aliás com o advento e conhecimento das DST [Doenças Sexualmente Transmissíveis] e das DIC [Doenças Infecto-Contagiosas], há que ter cada vez mais cuidado e estar mais sensibilizado para a importância de conhecer bem os parceiros sexuais e da prática de sexo seguro. Mas, como diria Luiz Vaz de Camões: "Melhor é fazê-lo que dizê-lo, mas diga-o quem o não puder fazer"...

sexta-feira, julho 29, 2005

Antes


Cláudia Turpin, Fevereiro 2005 Posted by Picasa

Agora


Cláudia Turpin, Julho de 2005

Parabéns Tutu-Tutu di papá, estou orgulhoso de ti, a força de vontade que demonstras na persecussão dos teus objectivos é garantia do carácter que te reconheço.
Quantos milhões de vezes te disse que és linda?! Posted by Picasa

quinta-feira, julho 28, 2005

Factu est!


"E agora João?"


João Bernardo Vieira, "Nino", General, é o sexto presidente da República da Guiné-Bissau, eleito pelos seus concidadãos no pleito eleitoral decorrido em duas voltas, a 19 de Junho e 24 de Julho do corrente ano, de acordo com os resultados provisórios apresentados pela CNE em Bissau esta manhã, a saber:

TOTAL DE VOTOS: 412 926 (76,69%) num universo de 538 471 eleitores.
ABSTENÇÃO/NULOS/BRANCO: 125 545 (23,31%)
.

- João Bernardo "Nino" Vieira (NV): 216 167 votos (52,35% dos votos expressos; 40,15% do total de votos possíveis); e

- Malam Bacai Sanhá (BS): 196 759 votos (47,65% dos votos expressos; 36,54% dos votos possíveis).

01 - TOMBALI: 25 136 num universo de 36 250 eleitores locais.

NV 14 091
BS 11 045

02 - QUINARA: 17 045 num universo de 22 612 eleitores locais.

NV 6 608
BS 10 437

03 - OIO: 59 002 num universo de 80 530 eleitores locais.

NV 27 432
BS 31 570

04 - BIOMBO: 27 048 num universo de 32 514 eleitores locais.

NV 24 034
BS 3 014

05 - BOLAMA: 11 542 num universo de 14 958 eleitores locais.

NV 7 901
BS 3 641

06 - BAFATÁ: 56 790 num universo de 71 003 eleitores locais.

NV 28 189
BS 28 601

07 - GABÚ: 58 086 num universo de 72 513 eleitores locais.

NV 29 920
BS 28 166

08 - CACHEU: 40 977 num universo de 64 065 eleitores locais.

NV 19 510
BS 21 467

09 - BISSAU: 117 300 num universo de 144 016 eleitores locais.

NV 58 482
BS 58 818


Dada a situação política vigente, vai ser interessante, no plano político, ver o desenrolar da situação e se a coabitação será possível, e como, entre Presidência, Governo e Assembleia Nacional Popular.
O curioso da situação é que sendo o PAIGC o partido maioritário na Assembleia e quem coordena o Governo, tem agora uma ala "minoritária" na presidência da República liderada pelo "independente" Nino Vieira...; o Governo, sob a liderança de Carlos Gomes Jr., tem feito um trabalho notável e reconhecido como tal pelos organismos internacionais e, na perspectiva do interesse do Estado, deve continuar o seu trabalho e a implementação do seu programa.
Penso não ser o único a questionar-se sobre o futuro e a dizer de si para consigo:
- Será que se avizinha um congresso extraordinário do PAIGC, a fim de esclarecer a situação interna?
- Será que Nino Vieira se conseguirá ater às atribuições do cargo de presidente da República?
- A que ponto as relações pessoais entre Nino Vieira e Carlos Gomes Jr. interferirão no desempenho de cada um no âmbito das responsabilidades que lhes cabem na governação e orientação dos destinos da Nação?... como coabitarão os PAIGC's?
- E as Forças Armadas? As declarações do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, se bem que possam ter sido bem intencionadas, não deixam de ser um sintoma grave da ingerência das FA's no processo político...gaffe ou recidiva, o futuro dirá...
- E a dita "sociedade civil"? Dividida, com laivos de falta de fair play aqui e ali, compromete a imagem de maturidade política que seria de esperar nestes momentos de escrutinio popular, uma vez mais fica no ar a hipótese de voto étnico (Biombo é chão Pepel)...
- Será que o espaço político Bissau-guineense tenderá a bipolarizar-se daqui em diante?
Parafraseando um ex-deputado, ex-Primeiro-Ministro e ex-líder partidário português: "E agora João?"Posted by Picasa

quinta-feira, julho 21, 2005

Yolanda

hoje a minha prosa é direccionada a Yolanda, desconheço o apelido mas reconheço o seu bom gosto... é leitora assídua deste blog (rs) e aprecia o estilo, está tudo dito!
Diz o adágio, "Quem meus filhos beija, minha boca adoça...". Como é sabido, para quem escreve, os seus escritos são como carne da sua carne...
Sendo ela brasileira, poderiam imaginá-la musa inspiradora da canção de título homónimo, talvez seu merecimento justificasse o poema de Victor Manuel e o canto de Paco de Lucia...
Temos interesses e amigos comuns.
A espeleologia é um desses interesses, as grutas atraem-nos... por falar em grutas, recordo a "Alegoria da gruta" de Platão, e pergunto-me se não será o lado lunar desta mulher, professora de geografia, paleontologia e mais logias que desconheço, que a leva a embrenhar-se no estudo das entranhas da Terra com a mesma precisão com que se aparta da câmara de filmar. Por mim prefiro as grutas húmidas, subaquáticas, onde adentramos o desconhecido enleados na beleza submarina, vasculhando atlantes paisagens e na companhia de peixes vários, curiosos, corajosos e silenciosas testemunhas da invasão de seus territórios haliêuticos.
Grato pelas dicas sobre as grutas da Lapinha e Maquiné.
Da próxima vez não fuja, eu não mordo...
Esto no puede ser no mas que una canción...

terça-feira, julho 19, 2005

Parabéns Governo da Guiné-Bissau

Evolução macroeconómica no último ano é encorajadora, afirma o FMI
[ 18-Jul-2005 - 22:54 ]

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou hoje que a evolução macroeconómica da Guiné-Bissau nos últimos 12 meses é "encorajadora", sublinhando que o executivo deve continuar a boa governação nos mesmos moldes após as eleições presidenciais de domingo.

Palavras para quê?!
Apenas a parabenização do executivo e do seu líder... pelo reconhecimento pelas instituições de Breton Woods do bom trabalho desenvolvido em condições adversas.
Continuem!

quinta-feira, julho 07, 2005

First blood


...


A aritmética do sangue sempre me pareceu uma sandice.
Hoje ao assistir na tv às imagens provenientes de Londres senti um aperto no coração. Eu, como muitos outros, tenho familiares e amigos em Londres que usam os transportes públicos e circulam nas ruas da cidade... consegui novas da minha tia mas, não sei do meu sobrinho, embora pareça que é apenas devido a dificuldade de comunicação...
Sendo uma pessoa de paz, quando vejo estes eventos bélicos dá-se-me um nó no estômago. Recordo dois eventos de dimensão diferente mas com algumas similitudes e complementaridade, o Concílio Vaticano II, por um lado, e o filme "Rambo", por outro. O Vaticano II pois uma das matérias discutidas , inconclusivamente, foi o " Princípio da causa primeira"; e "Rambo", pois a justificação que a personagem principal encontrava para a destruição que provocara fora não ter sido ela a fazer o "first blood"...
Em torno da questão Israelo-Palestiniana e da relação Ocidente-Médio Oriente estamos num impasse semelhante. Por um lado discute-se quem tem direito à terra, quem a habitou primeiro...; por outro aplica-se a Lei de Talião num infinito golpear e contra-golpear... enquanto existir quem tenha vontade de o fazer.
Neste momento o meu pesar e solidariedade para as famílias dos que pereceram, sofrem ou sofreram de ambos os lados da barricada, impotentes e inocentes, sem quaisquer responsabilidades em lutas genocidas, perfilando-se numa carreira infindavel de vitimas dos diversos terrorismos (de estado e de facções fundamentalistas!), e vertendo sempre o "first blood". Posted by Picasa

terça-feira, julho 05, 2005

Quo vadis?

Hoje a minha veia proeminente é a latina...
Apelando à maiêutica poderiamos responder algo no estilo "Unde venit?"
Ambas, como não podia deixar de ser, estão relacionadas com o que o eleitor guineeense poderá congeminar de si para consigo, enquanto decide a sua orientação de voto para a segunda volta das eleições presidenciais a ocorrer no próximo dia 24 do corrente mês.
Agora que a data está definida pela Comissão Nacional de Eleições, recordo um excerto de um texto de G. Salústio Crispo, "De Coniuratione Catilinae, IX, 1-3", onde o autor canta as qualidades do povo romano: «Domi militiaeque boni mores colebantur. Concordia maxuma, minima auaritia erat; ius bonumque apud eos non legibus magis quam natura ualebat. Iurgia, discordias, simultates cum hostibus exercebant, ciues cum ciuibus de uirtute certabant. In suppliciis deorum magnifici, domi parci in amicos fideles erant. Duabus his artibus, audacia in bello, ubi pax euenerat, aequitate, seque remque publicam curabant.»* ...
É interessante observar a orientação do voto nas diferentes regiões do país, e a novela (requentada, com sabor a déjà vu), por parte do dr. Ialá. Sempre dá um certo pitoresco, típicamente africano, a estes eventos, não ficaria bem a ausência do toque terceiro mundista. Bem como o paternalismo made in UA, por parte de "dada" Wade.
Mais interessante será assistir ao curso da campanha dos candidatos à presidência da república, aos meios alocados, ao debate de ideias e intenções, à elevação da campanha ou não. Disto resultará um processo digno, respeitado e aceite como legítimo, justo e democrático pelos observadores, indiciando maturidade política dos guineenses para no futuro organizarem os escrutínios eleitorais sem necessidade de supervisão externa.
No final teremos sempre o eleitor, cada eleitor, à boca da urna a responder à questão inicial: "Guiné-Bissau quo vadis?" com a deposição do seu voto, em consciência, no candidato que melhor sirva os seus interesses, i.e., a sua orientação para o futuro do país, a exemplo do texto de Crispo, evidenciando as qualidades do povo Guineense.
Sei que poucos conseguirão responder à segunda pergunta: "Guiné-Bissau unde venit?", pois cada experiência de vida tenderá a desfocar a resposta.
Faço votos que tudo corra bem e que no final, dia 24, possamos dizer que estão lançadas as bases para uma Guiné-Bissau melhor, mais digna, mais desenvolvida, mais justa e equitativa e de que todos nos orgulhemos... já agora, em paz, económicamente viável e sustentada (quem não pede não ouve Deus).
Termino com um aforismo medieval: "Mus salit in stratum, dum scit abesse cattum".

* -Nota: falta a acentuação neste texto.